Uma Proposta Indecorosa
O Sujeito chegou ao ponto de taxi
em Copacabana. O taxista, prontamente, veio atendê-lo.
“Pois não, senhor, em que posso
ajudá-lo?”
“Eu preciso que você me leve até Bangu.”
“Claro, pode entrar, senhor.”
O taxista abriu a porta
gentilmente e o Sujeito entrou, acomodando-se no banco de trás. Quando o
taxista sentou-se ao banco do motorista, foi interpelado novamente por seu
passageiro.
“Amigo, só tem um detalhe: Eu não
tenho dinheiro.”
“Como assim?!”
O taxista espantou-se e quase deu
um pulo.
“Olha, sem dinheiro não dá. Se
não pode pagar, cai fora!”
“Veja bem, amigo, eu conheço muita
gente. Vamos fazer o seguinte: Você me leva e eu conto pra todo mundo que você
é muito bom motorista. Vai estar divulgando o seu trabalho!!”
O taxista levantou-se, abriu a
porta dos passageiros, pegou o sujeito pela gola e colocou para fora do carro,
jogando-o na calçada. Fechou a porta e voltou ao banco de espera do ponto de
taxi.
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Mais Uma Proposta Indecorosa
O Sujeito entrou no supermercado.
Com uma listinha nas mãos, foi enchendo o carrinho com diversos produtos.
Arroz, feijão, legumes, frutas, massas, congelados... Era sua compra para o
mês. Depois de pegar todos os itens de sua lista, encaminhou-se para o caixa.
A fila era longa. Esperou
pacientemente.
Quando chegou a sua vez de ser
atendido, colocou de maneira organizada e rápida tudo o que comprava sobre o
balcão. A atendente do caixa foi registrando a compra normalmente. Quando ela
acabou, disse:
“São R$ 450,00. É dinheiro ou
cartão?”
“Na verdade, moça, eu não tenho
dinheiro.”
“Então é cartão?”
“Não moça, vamos fazer o
seguinte: Eu conheço muita gente aqui no bairro. Você deixa eu levar as compras
e eu falo pra todo mundo que este é o melhor supermercado da área. Vai estar
divulgando o seu trabalho!!”
A atendente do caixa olhou
fixamente para o Sujeito.
“É pegadinha? Cadê a câmera?”
“Não, não, estou falando sério.
Não quer divulgar o seu trabalho?”
A atendente chamou o segurança.
“Mário, bota esse cara pra fora.
Chama o Zé pra colocar estas coisas na prateleira de novo. É cada uma que me
aparece...”
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Outra Proposta Indecorosa
O Sujeito chegou ao posto de
gasolina. Parou diante da bomba e desligou o carro. O frentista veio atendê-lo.
“Boa tarde amigo. O que vai ser?”
“Bota R$ 50,00 de gasolina.”
“R$ 50,00 de gasolina? É pra já.
Por favor, a sua chave, sim?”
“Mas tem uma coisa: Eu não tenho
dinheiro.”
“Ih, patrão, pra passar cheque
precisa fazer o cadastro.”
“Não, não, eu também não tenho
cheque...”
“Infelizmente, não passamos
cartão.”
“Olha só, irmão, vamos fazer o
seguinte: Eu conheço muita gente. Você abastece pra mim que eu conto pra todo
mundo que este posto é muito bom e confiável. Vai estar divulgando o seu
trabalho!!”
“Escuta aqui, amigo, vai ficar curtindo
com a minha cara?”
“Não, é sério!”
“Olha só, ou tu cai fora agora ou
eu vou chamar a polícia!”
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Uma Última Proposta Indecorosa
O Sujeito é dono de uma casa
noturna que faz música ao vivo. Ele está numa entrevista com um conjunto novo
que tem intenção de apresentar-se lá.
“Então é isso. Vocês precisam trazer
os equipamentos todos.”
“Mas você paga o transporte? E o
aluguel do equipamento?”
“Não, isso é por conta da banda.”
“Tá. Mas vamos receber quanto de
cachê?”
“Olha, eu não tenho dinheiro. Não
pago cachê. Mas pensem bem: eu conheço muita gente. O meu bar tem muito
público: Vocês vêm, se apresentam e vão estar divulgando o seu trabalho!!”
“Ok, mas vamos ter custos pra
trazer o equipamento. Vamos ter de alugar o sistema, pagar um frete, o técnico...
Sem falar da trabalheira!”
“Ora, se vocês quiserem ser
famosos, têm de investir.”
“Investir? E as centenas de horas
de estudo? E o custo das aulas de música? E as cordas que arrebentam? As
baquetas que quebram? E as muitas horas de estúdio pagas para ensaio, para
gravação, para mixagem...? Isso fora os instrumentos em si, que custam uma
nota!”
“Garoto, o lance é o seguinte:
Tem um monte de bandinhas por aí que venderiam a mãe pra tocar aqui. Estou
fazendo um favor de abrir espaço pra vocês. Vocês sabem muito bem que não há
tantos espaços assim...”
“Mas você vai cobrar R$ 30,00
pelo ingresso! Não podemos ficar com uma parte?”
“Cara, eu tenho custos pra abrir
a casa...”
“Mas você já fica com o lucro do
bar! Você vende cerveja pra caramba!”
“Mas tenho que pagar os
funcionários, o estoque, a fiscalização, o alvará, aluguel, IPTU...”
“E os músicos?”
“Olha, se você não quer, cai fora
que eu chamo outra banda.”
“Putz. Tá bom, então. A gente
topa.”
“Tudo bem. Vocês têm que vender
pelo menos 30 ingressos antecipados, senão vocês estão fora.”
“Porra! 30 ingressos?!”
“É. Você acha que eu vou correr o
risco de abrir a casa para não ter público? Tá de brincadeira, xará?”
“Tudo bem. A gente vai se
esforçar... Fazer o quê, né?”
“Ah, a divulgação também é por
conta de vocês. Eu não tenho grana pra ficar desperdiçando com panfletos que as
pessoas jogam no chão e nem com cartazes que elas rasgam...”
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O Vazio
Triste realidade...
ResponderExcluiré como se a arrogância dos donos de bar se tornasse um modo vida. o cara resolveu ser dono de bar o dia inteiro e com todo mundo e engraçado como só no último caso não se negou o modo de vida do dono de bar.
ResponderExcluiré simples assim: NÃO TOCO!!!!! E pronto! Se todo mundo agisse assim em menos de 6 meses a situação mudava, mas como tá cheio de gente querendo "divulgar seu trabalho" os caras abusam; um dia muda.
ResponderExcluirConcordo plenamente. Pra mim, esta é a moral da história. O problema de não valorizarem os artistas é porque os artistas também não sabem se valorizar e tem um jogo de vaidade que os impede de ser coesos. Mas tudo pode mudar, não é?
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