29 de setembro de 2015

A Venda da Eucaristia


A Venda da Eucaristia
(o Vazio)

Vem a mim cavalgando o medo e abandona tua paixão.
Esquece o que tu és, em nome do que pensas que sou.
Vem a mim portando a culpa e abandona a visão...

Despe toda a carne que te cerca
E usa o manto invisível da promessa.
Pra não sofrer com a verdade que te cerca,
Usa o manto invisível da promessa.
Jejua sonhos à noite em nome da minha ceia!

Banha-te na dor, na infâmia e na injúria!
Te assume como escória em nome da minha glória!
Eu te entrego a redenção a sete palmos do chão!

Despe toda a carne que te cerca
E usa o manto invisível da promessa.
Pra não sofrer com a verdade que te cerca,
Usa o manto invisível da promessa.
Jejua sonhos à noite em nome da minha ceia!

Esquece a luz do momento e aceita a venda da eternidade.
Esquece a luz do momento e aceita a venda da eternidade.

Que fique a venda pela eternidade!
E fique à venda, pela eternidade!

***

Em breve: Inútil Essencial

24 de setembro de 2015

Imperatriz Leopoldina com Luís de Camões



Imperatriz Leopoldina com Luís de Camões
(Mandur/o Vazio)

Verso seguro, língua cortada.
Peito enfartado, linha riscada.

De palavras em palavras,
Escrevo a muralha.

Quebro as pedras e quebro os corpos...

Seios e pernas, quero o teu cheiro
(Podre e maravilhoso)

Gosto de pele, gosto de medo.
Gosto de pele, mas tem gosto de medo!

Sensação de sujeira.
Barulho dos carros.
Cheiro de Guanabara.
E um gosto de... pigarro...

***

Em breve: Inútil Essencial

22 de setembro de 2015

Todo Caminho é só de Ida


Todo Caminho é só de Ida
(Mandur/Trindade/o Vazio)

Num domingo de manhã,
Eles vinham caminhando devagar...
No caminho, o tempo
Parava só pra vê-los passar
Porque, nessa vida, todo caminho é só de ida...
Porque, nessa vida, todo caminho é só de ida...
Num domingo de manhã,
Eles vinham captando a luz solar...
No caminho, o tempo
Parava só pra vê-los brilhar
Porque, nessa vida, todo caminho é só de ida...
Porque, nessa vida, todo caminho é só de ida...
E a cada passo passa o tempo
E o passo já passou. Já passou!
E a cada praça passa o passo
E o tempo já passou, já passou!
Porque, nessa vida, todo caminho é só de ida...
Porque, nessa vida, todo caminho é só de ida...

***

Em breve: Inútil Essencial

17 de setembro de 2015

O Bom e Velho


O Bom e Velho
(o Vazio)

Já negociei minha alma contigo,
Meu bom e velho amigo.
Por alguns momentos ao teu lado,
Assinei com sangue o meu destino.
E escrevi com muito suor o nosso contrato.
Também já lutei contra ti com ódio,
Meu caro e melhor amigo.
Já tentei te matar com golpes sujos
Quando eu estava furioso comigo,
Pois que és a parte de mim que mais valorizo.
Já descobri em ti um sentido,
Meu valoroso e louco amigo.
E quando estou doente e deprimido,
Sei que também é você quem faz isso comigo...
Porque eu sei que o teu caminho é torto...
Rock and roll... O bom e velho...
Sei que foi por você que eu vim.
Sei que vou com você até o fim.
Você me alimenta e me devora,
Você me revolta com a vida
E me faz amá-la.
Sim, tudo isso me faz amar a vida.
E me faz ama-la para ir embora.
E me faz a mala para ir embora.
E me faz amar...

***

Em breve: Inútil Essencial

15 de setembro de 2015

Pra fora do mapa

Pra fora do mapa
(o Vazio)

Hoje em dia, já te entregam tudo pronto.
Não dá tempo de pensar ponto por ponto.
Sempre tem um intermédio no encontro.
Falta espaço pra chegar até o outro...

Eu to lançando o meu barco na água,
Mas quem quiser embarcar pode vir.
Os meus marujos são sujos piratas
E estamos nessa é pra nos divertir.

O lance é que já to de saco cheio.
Não aguento mais esperar.
Tá faltando vir algo que ainda não veio,
Por isso é preciso navegar
Pra fora do mapa...

Eu não sei se esta canoa tá furada
ou se, de repente, algo diferente vai surgir.
Eu não tenho garantias de nada.
Por outro lado, eu não to nem aí.

Sei é que já to de saco cheio.
Não aguento mais esperar.
Tá faltando vir algo que ainda não veio,
Por isso é preciso navegar
Pra fora do mapa...

***

(Em breve: Inútil Essencial)

12 de setembro de 2015

Fábrica de Carros

Fábrica de Carros
(Daniel Frazão/o Vazio)

Ouça os meus ruídos.
Os meus chiados e rugidos.
Escute o desespero
De uma fábrica de carros...

Nivelar constante.
O apertar das molas.
É o desespero.
É o que você escuta.
São os caras conversando
Numa fábrica de carros...

O que fazer
Quando se tem
Muito o que fazer
Das seis às seis,
Descansando apenas uma vez?

Nada pra ser,
Não há nada pra ver,
Estamos sujos, amizade!
Sujos até o miolo,
Molhados como ratos,
Sem dinheiro e sem cigarros,
No ranger das molas
De uma fábrica de carros...

Ouça os meus ruídos.
Meus chiados e rugidos...
Gemidos e mugidos...
É o desespero
De uma fábrica de carros!

Maldita fábrica de escravos!

***

(Em breve: Inútil Essencial)

8 de setembro de 2015

Eu era noite

Eu era noite
(o Vazio)

Eu e a noite.
Sem rumo e sem lugar.
Só eu e a noite
Até o sol raiar...

Abro os olhos
E abro a cabeça,
Abro o coração
E abro a porta
Pra sentir a luz que entra...

Eu era noite.
Noite escura e sem luar.
Eu era noite
Até você chegar...

Abro os olhos
E abro a cabeça,
Abro o coração
E abro a porta
Pra sentir a luz que entra...

***

(Em breve: Inútil Essencial)

5 de setembro de 2015

Alma na Cara

Alma na Cara
(o Vazio)

Por dentro concreto, por fora disperso.
Por dentro sou carne, por fora sou verso.
Por dentro sou uno, por fora sou muitos,
Por dentro sou sempre e por fora sou de repente...
A minha alma é do lado de fora...
A minha alma é do lado de fora...
Eu levo a alma estampada na cara
E qualquer um que olha pode ver...
O futuro é incerto, acendo um incenso.
Olhos abertos, o caminho é intenso.
Não sei do que é certo, mas sei do que eu penso,
Por dentro sou sempre e por fora sou só instante...
A minha alma é do lado de fora...
A minha alma é do lado de fora...
Eu levo a alma costurada na cara
E qualquer idiota pode ver...
A minha alma é do lado de fora...
A minha alma é do lado de fora...
A minha alma é do lado de fora...
A minha alma é do lado de fora...

***

(Em breve: Inútil Essencial)

1 de setembro de 2015

Fio Desencapado

Fio Desencapado
(o Vazio)

Sempre fui
Um tanto quanto aloprado.
Um fio desencapado.
Sempre brigando demais.
Hora certo, hora errado.

Mas sempre estive ao lado dos meus
Naqueles momentos em que fui capaz.
Pois quando a gente vai,
Leva as amizades e nada mais...

E nada é mais.

Sei que sou
Meio grosso e desajustado.
Como um sapo abusado
Que invadiu a festa no céu
Em um violão descuidado.

Mas vou ficar até o final.
Mesmo se a queda for fatal.
Pois quando a gente vai,
Só o que importa é se foi legal...

E eu to legal.

***

(Em breve: Inútil Essencial)