2 de julho de 2013

Mais do Mesmo


O preço da vida continua subindo.
O preço da morte cai continuamente.
O povo está nas ruas e as ruas em fogo.
Um espetáculo tosco e deprimente:
Ninguém sabe a razão disso tudo,
Mas ter um motivo é algo ultrapassado.
Gritam palavras de ordem,
Mas desconhecem o acordo
E isso faz com que não acordem.
Enquanto isso, no planalto,
Continua o vai e vem de malotes.
O mercado não vende fiado,
Mas o governo sempre dá o calote.
Ninguém associa a redução do IPI
Com os engarrafamentos
Ou com o problema dos transportes.
Vivemos como cavalos, puxando arreios
(Isso não vem escrito na página de esportes).
Dizem que o progresso não tem freios,
Mas ninguém sabe onde ele vai.
E o dinheiro? De onde veio?
Ah, filho feio não tem pai...
Anunciam a queda da inflação
E a velocidade das mudanças.
Mas ainda sinto, oculta, a mão
Cobiçando minha poupança...
Quem tinha o olho vivo, já não vê mais
- pra isso servem as redes sociais.
O medo do mundo.
O barato do ácido.
O custo do óleo.
O busto flácido.
O corte do terno.
O monge plácido.
O peso do fardo.
O pró e o contrário.
O porre do sábado.
O prazo do salário.
O risco do câmbio.
O ranço diário.
O roubo do ócio.
O rosto do astro.
O resultado do jogo.
O formulário de cadastro.
O pedaço e o todo.
O estandarte do mastro.
Ninguém se toca – é tudo um engodo.
Finjo que não sei de nada e continuo no jogo;
De um jeito ou de outro, não é nada novo.
Os dias passam e tudo é mais do mesmo.
O espírito convalesce. Prevalece o norte.
Os meses passam e tudo é mais do mesmo.
Menos o meu cabelo – que cresce –
E o meu orçamento – que sofre cortes.